quarta-feira, 8 de julho de 2009

Filhos flechas e filhos bumerangues

Por Nelson Gersoni


O Salmo 127.4 diz que "os filhos são como flechas na mão do guerreiro". Certo escritor fez semelhante comparação, dizendo que os pais são "os arcos, por meio dos quais os filhos, quais flechas vivas, são projetados".

Para interpretarmos bem esta metáfora é bom lembrar que a flecha é algo que se arremessa com firmeza e determinação, numa postura adequada, buscando um alvo determinado. A flecha dá a idéia de algo que sai em busca do alvo, num vôo certeiro que não tem volta.

Assim, compreendemos que nosso papel como pais é educar os filhos, no temor do Senhor, para as realizações da vida. Se faltar esta compreensão, criaremos nossos filhos como "bumerangues". O bumerangue é uma arma de caça - mais tarde substituída pela flecha - criados pelos primitivos aborígenes australianos. É feito de madeira em forma de meia lua. Quando o alvo não é atingido o bumerangue o bumerangue retorna às mãos do atirador, poupando-lhe assim a construção de uma nova arma.

Pais que não observam os preceitos da Palavra de Deus para a criação dos filhos correm o risco de transformar seus filhos em "bumerangues", à medida que não os preparam para acertar os alvos da vida. Assim, depois de adultos eles voltam para as suas mãos, cheios de insucessos, entre eles o despreparo profissional, o casamento desfeito, a falta de adaptação social, ou, nos casos mais extremos, a dependência de álcool ou outras drogas.

Mas o que fazer para que nossos filhos sejam "flechas" e não "bumerangues"? É difícil responder em em tão poucas linhas, pois um livro inteiro não encerraria o assunto. Há papéis específicos do pai, que não pode ser desempenhado pela mãe, e vice versa, assim como há medidas a serem tomadas por ambos, algumas em interação com os filho. Uma providência está em Provérbios 22.6: "Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele".

Filhos de família disfuncional (que não cumpre de forma regular suas funções) terão menores possibilidades de sucesso na vida. Uma das principais causas da disfunção familiar são os problemas espirituais associados aos emocionais. Quando os pais não conseguem se livrar de traumas da infância e não conhecem Jesus para levar a Ele suas enfermidades emocionais, projetam nos filhos as neuroses decorrentes destes traumas, afetando-os emocionalmente. Pais ausentes também geram filhos "bumerangues". Não me refiro a pais que não moram em casa.. Trata-se da ausência de quem está presente. Esta ausência é mais grave por estabelecer uma relação enganosa, onde se pensa que tudo está bem e nada é feito para a mudança.

Os modelos de "presença ausente" são muitos:

Pais permissivos - não falam "não" para os filhos para evitar magoá-los.

Pais repressivos - tolhem as ações, desfazem planos e apagam sonhos dos filhos, pois não vêem neles nenhum potencial para a vida.

Pais sinestésicos - talvez por serem criados sem abraços, evitam abraçar os filhos.

Pais antiauditivos - têm ouvidos para tudo e todos, menos para os filhos.

Pais antidialogais - não mantêm diálogo algum com os filhos, pois não crêem que tenham alguma coisa a dizer.

Pais que dão maus exemplo - são do tipo "faz o que eu mando mas não faz o que eu faço".

É muito bom ter os filhos ao nosso redor, mesmo depois de adultos. É saudável o vinculo familiar com eles e seus filhos. Entretanto, isso é diferente da relação de dependência que tinham conosco quando eram bebês, crianças ou adolescentes. Filhos são "flechas", não são "bumerangues".

Se observarmos os preceitos da Palavra de Deus na criação dos filhos desfrutaremos da promessa de Jeremias 50.9b: "As suas flechas serão como de destro guerreiro, nenhuma tornará sem efeito".
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Nelson Gervoni é Pastor, Consultor Educacional e Professor no CEEC / Artigo publicado originalmente no Informativo Evangélico de Educação e Cultura (abril 2008, ano X, Nº 105, página 8) orgão oficial da AD Indaiatuba .

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